Ao falar, nesta quinta-feira, 26, sobre Segurança Alimentar em Porto Alegre, o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), defendeu que o “meio ambiente não se opõe à agricultura, são na verdade parceiros, e devem fortalecer esses laços, no momento em que os efeitos das mudanças climáticas preocupam a todos”. O deputado falou durante o 5º Ciclo de Debates promovido pela Frente com o objetivo de colher subsídios para a Conferência Mundial do Meio Ambiente e Sustentabilidade, a Rio+20. O seminário foi realizado dentro da programação do II Encontro Nacional dos Secretários do Meio Ambiente-Articulação Política pela Sustentabilidade, que faz parte do Fórum Social Mundial.
Sarney Filho defendeu que com as mudanças climáticas é hora de colocar em prática medidas de adaptação e de mitigação para minorar os efeitos da alteração do clima, que podem ser verificados em todo o Planeta. “Este é o momento de usarmos da tecnologia disponível, investir em pesquisas e também de mudarmos o nosso padrão de consumo para que possamos enfrentar essa realidade” defendeu.
“Será que precisaremos de uma grande catástrofe para que o mundo finalmente acorde para questões seríssimas, como é o caso da segurança alimentar?”, questionou o coordenador da Frente. Sarney Filho voltou a citar as mudanças do Código Florestal “como uma péssima sinalização do Brasil” para a Rio+ 20, que será realizada em junho.
O Senado, segundo ele, tornou “menos ruim” o texto aprovado pela Câmara, mas há pontos que ainda deixam brechas para mais desmatamentos. “Precisamos mudar nosso modelo de desenvolvimento. Manter uma pecuária extensiva também ameaça a segurança alimentar, porque vai pressionar para mais desmatamentos”, alertou. Para ele, com o uso de tecnologias é possível diminuir pela metade a área de pastagem liberando terras para produção de alimentos e consequentemente diminuindo o desmatamento.
“O Brasil, como um país megadiverso e com grande potencial para usar a floresta em pé, inclusive para a pesquisa de novos medicamentos e alimentos, precisa mostrar esse diferencial na Rio+20. Se aprovarmos a proposta do Código Florestal sem mudanças, estaremos dando um tiro no pé”, concluiu.
Na abertura do seminário o diretor de Articulação Política da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, criticou a grande concentração de terra no país, lembrando que 80% delas estão nas mãos de 20% de proprietários. “A crise que estamos vivendo é de valores, e os recursos sempre vão para as mãos de quem tem mais” apontou. Ele também defendeu que não há dicotomia entre meio ambiente e desenvolvimento e elogiou o trabalho da Frente Ambientalista, dizendo que é a única que conta com a participação da sociedade civil e o parlamento. ´”E um jeito novo de fazer política. Precisamos de uma governança global com novos rumos para enfrentar questões como a segurança alimentar e isso só será possível com a inclusão social e cidadania planetária”, afirmou.
O conselheiro Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese e coordenador do Acordo Social sobre Desenvolvimento Sustentável, afirmou que o eventual fracasso da Rio+20 seria um fracasso de toda a humanidade. Ele lamentou que a agenda aprovada pela Rio-92, 20 anos depois não tenha sido ainda concretizada. Para o conselheiro, o novo desenvolvimento deve ocorrer sob a ótica da sustentabilidade, integrando as diferentes dimensões - econômica, ambiental e social. “É necessário superar a ideia de que "o mercado resolve os nossos problemas" e estabelecer novo padrão de consumo, um processo de distribuição focado na equidade. O grande problema, entretanto, não está na qualidade das metas, mas na execução: A prioridade deve ser a criação de mecanismos fortes, capazes de transformar estas metas em ações", acrescentou.
Na abertura do seminário, a senadora Ana Amélia (PP) concordou com o diretor-geral da FAO, José Graziano, de que o conhecimento e a tecnologia são os principais aliados na busca pelo aumento da produção de alimentos no planeta. “Nosso enfrentamento na questão que envolve o aumento da produção para alimentar a população mundial deve ser na base da tecnologia aliada à preservação”, disse a parlamentar.
Assessoria de imprensa do dep. Sarney Filho
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