O deputado Domingos Dutra afirma que: "Quando os franceses comandados por Claude d’ Abeville aportaram na Ilha Grande dos Tupinambás,em 1612, a atual Vila Vinhais Velho era ocupada pelos índios Uçaguaba, da Nação Tupinambá, cujos vestígios arqueológicos datam de nove mil anos atrás, sendo edificada pelos índios e pelo francês David Migan a Igreja de São João Batista em 20 de outubro de 1612".
Segundo informa ainda o deputado, em 1622, a aldeia Uçaguaba passou a se chamar Aldeia Doutrina pelos padres jesuitas Luis Figueira e Benedito Amodei. Em abril de 1757, no Governo Gonçalo Pereira Lobato de Sousa, a Aldeia Doutrina passou para o domínio dos frades da ordem de Santo Antônio, com o nome de Aldeia São João dos Poções.
Em 1º de agosto de 1757, através de Resolução Régia, quando a Capitania do Maranhão era governada por Bernardo Bequimão, a Aldeia São João dos Poções foi elevada a Vila com o nome de Vila de Vinhais. Seu primeiro pároco, foi Antônio Felipe Ribeiro e em 20 de abril de 1835 a Vila de Vinhas Velho passou a pertencer à Frequesia da comarca da capital pela Lei Provincial nº 07.
Na atual Vila de Vinhais Velho, foi instalada a primeira missão jesuítica do Maranhão, constituídas de construções, porto, capelas, cemitério, casas dos padres, oficinas, olarias, fazendas de gado, engenhos de cana, armazéns, plantações e outras estruturas tradicionais.
Para Domingos Dutra, do ponto de vista histórico, Vinhais Velho é um sítio arqueológico, ocupado por descendentes dos índios UÇAGUABA, da extinta nação Tupinambá.
Da antiga Vila, ainda estão no local a IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA; o CEMITÉRIO, de 1690; o PORTO de embarque e desembarque, construído em 1960; a ESCOLA MUNICIPAL OLIVEIRA ROMA, da década de 1970. Também ainda existe no local um rico patrimônio ecológico, como fontes naturais, mangues, juçarais, ipês, dentre outros.
Dutra registra que várias famílias da Vila de Vinhais Velho vivem da pesca, da extração do caranguejo, do extrativismo do caju, juçara, buriti e extração de essências de plantas naturais utilizadas como medicamentos, em perfeita harmonia social, cultural, religiosa e ambiental, o que contribui para inexistência de criminalidade na área, ocorrendo o último homicídio na área em 1986.
Pode-se até discordar ideologicamente de Dutra. É possível não concordar com seus métodos de fazer o enfrentamento político. Mas, nesse caso especialmente, ninguém em sã consciência pode dizer que esteja errado.
É realmente estranho que, no ano em que se comemora os 400 anos de São Luís, os governantes estejam prestes a praticar uma barbárie contra a memória da Ilha.
Estive no local, na quarta-feira, para um ato político de resistência dos moradores. Para chegar até o local, pedi informação a um senhor, na entrada do Conjunto Vinhais. Ao saber que eu me dirigia ao Vinhais Velho, sorriu para mim, animado. Disse que era morador de lá e que poderia me levar até o local do ato.
Fomos juntos no veículo. Eu ouvi aquele morador, aparentando a minha idade, que havia nascido ali e dali não gostaria de sair. E que nenhum morador antigo tinha intenção de sair do Vinhais Velho.
Chegando lá, fui até ao Porto, onde vislumbrei melhor o mangue que será fatalmente destruído pela Via Expressa - se não houver alguma intervenção.
O governo prefere tratar bem a escola de samba Beija-Flor, de quem pretende importar o arremedo de uma cultura exógena a peso de ouro. Como se não tivéssemos nada a comemorar, após quatrocentos anos de tentativa de genocídio cultural e de uma ferrenha resistência de nossas tradições, que as mantiveram vivas até os dias atuais.
Os símbolos dessa resistência, que já são poucos, correm o risco de serem soterrados por interesses políticos e econômicos. Triste constatar como são estúpidos nossos governantes.
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