quarta-feira, 15 de maio de 2013

Senado aprova plantio de cana na Amazônia e no cerrado


Num descuido da base governista, a Comissão do Meio Ambiente aprovou ontem, por cinco votos a dois, projeto do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) que permite o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia e no cerrado. O texto foi aprovado em caráter terminativo e, agora, segue direto para a Câmara se não houver recurso de pelo menos nove senadores contrários à proposta. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) considerou deplorável a decisão da comissão, que, para ele, põe em perigo a proteção da Amazônia e até do Pantanal.

- Esse projeto é um retrocesso. A plantação de cana-de-açúcar vai comprometer a biodiversidade e difundir o uso de agrotóxico na região - afirmou Rollemberg.
O senador lembra que o zoneamento ecológico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) não prevê o plantio de cana na Amazônia. A Embrapa fez o zoneamento a partir de longos estudos científicos sobre o impacto de determinados cultivos no meio ambiente. Para Rollemberg, a comissão atropelou as recomendações técnicas em favor dos interesses do agronegócio.

- Se a Embrapa fez o zoneamento ecológico, dizendo onde podia e onde não podia plantar cana, não poderíamos ter passado por cima disso - afirmou.

Votaram a favor do projeto, além do relator Acyr Gurgacz (PDT-RO), os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB), Ataídes Oliveira (PSDB-TO), Ivo Cassol (PP-RO) e Vaudir Raupp (PMDB-RO). Rollemberg e a senadora Ana Rita (PT-ES) votaram contra. A senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) se absteve. A sessão, que resultou na aprovação do projeto, foi presidida pelo senador Blairo Maggi (PR-MT). Até recentemente, o senador era um dos principais inimigos dos ambientalistas.

Pelo texto, "fica autorizado o plantio de cana-de-açúcar em áreas alteradas e nas áreas dos biomas do cerrado, dos Campos Gerais situados na Amazônia Legal". O autor da proposta, senador Flexa Ribeiro, argumentou que o plantio de cana na região vai estimular a produção de biocombustíveis no país.

Governo silencia sobre proposta

O Ministério do Meio Ambiente não se manifestou sobre a decisão da comissão. Segundo um parlamentar, o governo é totalmente contra o projeto, mas não agiu com a rapidez necessária para conter a manobra dos ruralistas, maioria na Comissão de Meio Ambiente.

O deputado SARNEY FILHO (PV-MA) lamentou a decisão do Senado. Para o deputado, se for levada adiante, a proposta vai ampliar a devastação ambiental, principalmente sobre o que ainda resta do Pantanal.

- É de uma irresponsabilidade sem limites isso. No momento em que estamos presenciando o recorde nos últimos três milhões de anos de emissões de gases de efeito estufa, a Comissão de Meio Ambiente aprovou uma medida que vai acelerar os desmatamentos e as queimadas, que respondem por 70% das emissões.

Fonte: O GLOBO - RJ | O PAÍS

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